Essas ruas de subúrbios meus, tão meus, me dão,
Com os seus sobrados deixando a mostra seus rebocos,
A sensação estranha de me sentir pavorosamente oco,
E de que o tempo me escapa por entre as mãos.
Despertam em meus sentidos uma nostalgia,
Uma angústia doce de imagens que apenas imagino,
De rever o rosto de mim mesmo quando era menino,
Fazendo coisas que hoje eu nunca mais faria.
Com suas datas nas fachadas, mil novecentos e dezoito,
Dezessete, Quarenta. Deixam meu coração afoito,
Ao não saber quando e como ali viveram gentes, enfim.
Esses subúrbios e seus sobrados me deixam pensativo,
De um pensar em viver num tempo diverso do que vivo,
Subúrbios e sobrados que me deixam mais próximo de mim.
Társis Sarlo
Nenhum comentário:
Postar um comentário